Marcha Global da Marijuana - Lisboa 2007
Finalmente alguma coisa se faz! Pela a minha opinião, é das melhores iniciativas para o caso que aconteceram nos ultimos tempos e espero que tenha algum resultado visivel! Não o defendo não só por mim mas porque defendo a liberdade de escolha do consumismo quando o objecto alvo não nos faz tanto mal como outros que actualmente são legais!
http://globalmarijuanamarch.org/
As comparações são inevitáveis e toda
a gente gosta de puxar dos números, portanto, vamos a elas:
Mortes
relacionadas com o tabagismo = 4,9 milhões de pessoas por ano*.
Mortes
relacionadas com o alcoolismo = 1,8 milhões de pessoas por ano*.
Mortes por
subalimentação = 3,4 milhões de crianças por ano*.
Mortes relacionadas com a
obesidade = mais de 540 mil pessoas por ano, só na Europa e na América do
Norte*.
Mortes por falta de condições sanitárias mínimas e consumo de águas
poluídas = 1,7 milhões de pessoas por ano*.
Mortes por acidentes de viação =
1,26 milhões de pessoas no ano 2000*.
Civis Mortos na Guerra do Iraque desde
o início do actual conflito até Março de 2007 = entre 58 476 e 64 273**.
Mortes relacionadas com o consumo de heroína = 7 516 casos de overdose em
toda a Europa ***.
Mortes relacionadas com o consumo de canábis = ...Ninguém
diz, ninguém sabe, e esta droga nem sequer aparece no capítulo “Doenças
infecto-contagiosas e mortes relacionadas com o consumo de droga” do Relatório
Anual 2006 da UE, pelo que se intui que não há casos registados ou que os que há
são tão poucos que nem merecem referência.
E no entanto, não se proíbe as
pessoas de beber o seu shot de bagaço nos cafés, ou de apanharem uma bebedeira
numa noite de copos; não se proíbe a circulação dos automóveis, mesmo sabendo
que estão a destruir o planeta e a prejudicar todos os seres que nele vivem; não
se proíbem os McDonalds nem os alimentos fritos. Os políticos, tão preocupados
com a saúde dos seus cidadãos, deixam-nos entregues ao mercado clandestino e
desregulado, e toca a aumentar os impostos porque o buraco financeiro do Estado
é cada vez maior.
A canábis usa-se há mais de dez mil anos para
fins místicos, religiosos, recreativos, ou mesmo industriais.Heródoto, 2 500
anos a.C, deixou registo escrito de que os Escitas inalavam o vapor e o fumo das
sementes aquecidas para atingir estados alterados de consciência. É considerada
uma planta sagrada pelos sadhus (ou homens santos) indianos – que se dedicam a
praticar yoga e a meditar.
De uma só planta, a da Canábis Sativa L., é
possível extrair mais de 25 mil produtos diferentes, desde fibras, óleos, sabão
em pó e até combustíveis.
Quanto aos efeitos psicológicos que advêm
do seu consumo e que desde há muitos anos servem de argumento aos detractores da
canábis, o próprio IDT confessa “A existência de uma psicose cannábica crónica é
controversa e actualmente admite-se que só apareceria em indivíduos propensos a
padecer de algum transtorno psicológico.”No mesmo documento, o IDT conclui que
“tendo em conta o elevado número de pessoas que consomem derivados da cannabis,
são muito poucas as que procuram ajuda para deixar o consumo, facto que indica o
seu escasso poder de dependência.”[1]
Por esta lógica, a canábis é
uma droga que, na verdade, não supõe grande ameaça.Mas enquanto a América do
Norte, com as suas políticas repressivas, apresenta os maiores índices de
consumo de canábis do planeta, a Holanda encontra-se a meio da tabela no que se
refere ao consumo entre os jovens europeus.Talvez o cerne da questão seja que
não interessa deixar que os homens usem a canábis livremente, porque há quem
ganhe muito dinheiro com produtos alternativos ou mesmo com a
proibição.
Desde 2001, a lei portuguesa[2] prevê que qualquer
pessoa possa ter em sua posse, sem consequências jurídicas, óleo, resina ou
“folhas e sumidades floridas ou frutificadas da planta” de canábis que “não
poderão exceder a quantidade necessária para o consumo médio individual durante
o período de 10 dias”.
Acontece que esta lei apenas finge uma falsa
descriminalização do consumo, visto que esse “consumo médio” de que falam é
impreciso e relativo, e a detenção de mais do que a quantidade mínima,
ainda que comprovadamente e exclusivamente para "consumo individual", é um
crime.
Além do mais, a maior parte dos consumidores muitas vezes prefere
adquirir maiores quantidades para não ter de se preocupar com uma nova ida ao
“dealer” durante o maior período de tempo possível.Mas, pior que tudo, num
paradoxo difícil de destrinçar, esta lei diz-nos que podemos consumir uma
substância, mas que tanto o seu cultivo como a sua venda (e compra?)
constituem crimes puníveis com prisão... e sendo que a venda não é legal mas o
comércio existe, deixam poucas alternativas aos consumidores que, para se
abastecerem, das duas uma: ou cultivam, ou terão de ir comprar no mercado
clandestino, porque outro não há. Falando claramente, a isto chama-se
empurrar os consumidores para os braços dos traficantes.
E se
não isto é incitar ao crime, então, o que é?